Ontem, depois de muitos anos, presenciei uma atriz receber sua galharufa. Foi no Teatro Villa Lobos, em Copacabana, RJ, com "O Santo e a Porca" de Suassuna.
Antes houve uma certa tensão, pois só no camarim descobrimos que ela não tinha esse instrumento fundamental para um artista. A atriz (sua identidade será preservada até que ela ou Juliana Narducci autorizem sua divulgação) já estava pronta para entrar em cena, o que evidentemente não poderia ocorrer em tal situação. Armando Babaioff passou o problema à atriz-produtora Glaucia Rodrigues, que cabeceou para Janaína Prado: nenhuma das duas tinha uma para ceder. A minha não estava disponível, mas não compreendi como a atriz pôde fazer o "Apocalipse" desse jeito. Nilvan Santos saiu do camarim preocupado e chamou o único que dispunha de uma galharufa, Marcio Ricciardi. Mas este a havia deixado na casa dos pais em Pedra de Guaratiba. A última esperança era Elcio Romar, que foi convocado ao nosso camarim por Babaioff. Candidamente, a atriz pediu ao Elcio a galharufa. Elcio demonstrou sua preocupação, pois somente o sindicato poderia resolver um problema desses e àquela hora da noite de uma 6ª feira, era impossível. Elcio alertou ainda para o perigo de uma fiscalização. A atriz, a essa altura visivelmente desconcertada pela vergonha, se preparava para ir na manhã seguinte à Pedra de Guaratiba, buscar a única que havia conseguido.
Foi quando Elcio lhe entregou a galharufa com um beijo de boas vindas ao teatro e todos respiramos aliviados.
É sempre emocionante viver um momento assim. Fomos para o palco novinhos em folha! Sorte do público e sorte nossa, nos divertimos muito, todos! E que Santo Antonio nos proteja!
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